Esse é um convite para todos os profissionais que fazem parte do time de saúde, segurança e meio ambiente (chamarei de times de EHS ao longo do texto): engenheiros de segurança, técnicos de segurança, médicos do trabalho, enfermeiros, engenheiros e analistas de meio ambiente. Trata-se de uma reflexão sobre o quanto estes profissionais se sentem preparados de forma individual e coletiva para atuar na era da complexidade.
A formação hoje.
O foco da formação dos profissionais que compõem este time é tecnicista e especialista. Foram capacitados para identificar falhas e evitar que os desvios e erros aconteçam para preencher planilhas e documentos, reunir evidências para provar que a empresa está cumprindo a lei e para escrever protocolos e regras que oferecem as diretrizes para uma atuação segura das pessoas nas áreas produtivas.
É inegável o quanto conhecem a legislação, os detalhes e meandros da engenharia. Mas para poder atuar na era da complexidade, é preciso ir além de habilidades técnicas e específicas da sua área de formação. Para aquecer sobre a reflexão proposta, gostaria de trazer algumas perguntas:
Refletindo um pouco sobre estas perguntas, você pode ter a sensação de que existe uma longa caminhada pela frente para que seja possível responder afirmativamente a qualquer uma delas. O que é mais frequente é encontrar atuação de times de EHS que trabalham na “retranca” – como diz a gíria do futebol – agindo na linha de defesa da área, se munindo de documentos e evidências para caso algo indesejado aconteça. Ou ainda: que tem dificuldade de ir a campo e conversar com os líderes e com os operacionais para escutar seus problemas e criar soluções juntos. E mais: que lutam para não precisar apresentar nada em reuniões estratégicas, ao invés de buscar tempo e espaço na agenda da diretoria e alta gerência para colocar o tema EHS em pauta.
Qual foi a origem dessa formação?
O paradigma que esteve presente como pano de fundo da formação desses profissionais foi o cartesiano e linear. Aprenderam a decompor os problemas em pequenas partes e entenderam que, ao fazer isso, poderiam encontrar a parte “exata” e “correta” para solucioná-los. Acreditam que os erros são desvios dos procedimentos e que as pessoas precisam ser punidas caso não atendam às normas, regras e legislação. Por esta perspectiva simplista de entendimento, os problemas causados dentro da área de EHS, acabam se resumindo ao comportamento das pessoas.
Este paradigma esteve muito presente até a década de 80 e era a forma como a maior parte das pessoas compreendia o mundo e o funcionamento humano, a partir de uma perspectiva simplista e linear.
No entanto, 40 anos se passaram e nesse tempo o mundo evoluiu de forma assustadoramente rápida. Vivemos atualmente o paradigma da complexidade que nos convida a enxergar o mundo como uma trama emaranhada de acontecimentos e variáveis que se interrelacionam, não sendo possível decompor em pequenas partes para sua compreensão.
Muito pelo contrário, a proposta é a de desenvolver a nossa capacidade de observar os fatos de maneira mais completa possível, compreendendo as interconexões entre as variáveis e compondo uma perspectiva sistêmica sobre a realidade.
O que muda?
Na era da complexidade, o erro é tido como parte da natureza humana (você pode ler mais sobre o tema “erro na era da complexidade” aqui) e pode ter o potencial de criar inovações e soluções, muito além de ser algo a ser completamente evitado ou banido. As regras e legislação existem para trazer uma espinha dorsal para a atuação, mas elas não dão conta de atender a todos os detalhes e particularidades dos contextos de cada organização e equipes de trabalho.
Complexidade vem do latim, complexus que significa “aquilo que é tecido em conjunto”. Considero a ideia de pensar nas tramas de um tecido uma excelente metáfora para entender o paradigma da complexidade.
Nesse sentido, quando olhamos para atuação das equipes de EHS, infelizmente ainda é muito comum ver uma atuação bastante reativa, como se ainda estivessem presas no paradigma linear: não se antecipando aos fatos, muito focadas em atendimento legal, em encontrar a “causa raiz” ou a culpa dos eventos. São equipes com sérias dificuldades de se comunicar, dialogar e articular alianças dentro do contexto organizacional. Tirar esse time do campo de defesa e trazer a atuação para um patamar proativo deve ser uma prioridade de qualquer organização que deseja se sintonizar com o nosso tempo.
Mas como será possível evoluir a cultura da organização para uma atuação mais cuidadosa e preventiva se os especialistas no assunto ainda não atualizaram seu mindset e suas práticas para atuar na era da complexidade?
O desenvolvimento de uma mentalidade moderna, e principalmente um desenvolvimento de competências focadas em tornar este time menos tecnicista e mais humanista é urgente.
As soft skills que comumente encontramos carência nesse time são: comunicação oral, escuta, influência, análise crítica, colaboração e pensamento sistêmico. Você que faz parte desse time, concorda com essa lista de competências?
Aqui na Unika temos soluções de aprendizagem que foram especialmente pensadas para os times de EHS. Quer conversar sobre isso? É só entrar em contato!