O que podemos aprender com 2022?

Todos os finais de ano nos inspiram a fazer uma revisão sobre quais foram as aprendizagens que tivemos ao longo desses últimos 11 meses. Considero este um ritual essencial porque nos proporciona uma pausa para reflexões muito importantes. Neste último ano, após 2 anos em que estivemos com uma série de restrições devido à pandemia, pudemos começar a perceber nossas vidas retomando um status de normalidade. No entanto, essa normalidade veio recheada de lições aprendidas com o período de pandemia:

  1. O tema da segurança psicológica nunca fez tanto sentido na nossa realidade como ao longo deste ano. Cada dia vejo mais pessoas e empresas dispostas a compreender melhor o conceito e a colocar ele em prática na sua rotina. Não é mais possível, nem tolerável, administrar e trabalhar em ambientes em que o medo (seja ele de qualquer tipo) esteja presente. Com a propagação do conceito de segurança psicológica, fica cada vez mais evidente quando estamos diante de ambientes que não favorecem que as pessoas se expressem e se apresentem da forma que são, sem nenhum receio. E neste sentido, está cada vez mais urgente o desenvolvimento das habilidades para estarmos mais disponíveis ao relacionamento consciente, sem julgamento e com escuta ativa para as pessoas. Pode ser bastante desafiante construir e estabelecer relações de confiança, mas esse é o caminho para o futuro de ambientes de trabalho mais seguros e de melhor performance.
  2. O cuidado com as pessoas foi outro tema que brilhou em 22. Sorte a nossa! Percebo esta palavra sendo pronunciada com muita facilidade dentro dos ambientes laborais – algo que há cerca de 3 anos atrás não era comum. Além de ser pronunciada a palavra, noto que há um movimento de tentar compreender melhor o que é o cuidado e como podemos manifestá-lo em diferentes momentos da nossa vida e trabalho. Desde questões que envolvem realidades de trabalho, como a segurança, diversidade, inclusão, equidade até o cuidado que nos é requerido fora do contexto laboral com filhos, familiares e idosos. Isso é motivo de celebração. A jornada ainda tem muitos desafios, mas é importante poder reconhecer que já não estamos no mesmo lugar que estávamos neste tema. E se seguirmos assim, colocando em prática atitudes essenciais para exercitar o cuidado como a empatia e compaixão, estaremos manifestando cada vez mais o cuidado com as pessoas.
  3. A aprendizagem é outro conceito que ganha cada vez mais espaço e entendimento. Aprender a aprender realmente é um dos grandes segredos das organizações de sucesso. E percebi que em 2022 esta palavra adquiriu significado importante para muitas pessoas. Qualquer profissional que já conduziu uma apresentação ou ministrou alguma ação educativa percebeu que, mesmo ao tratar de temas importantes, nem sempre foi possível atingir resultados satisfatórios. Muito provavelmente, a ênfase estava no conteúdo transmitido de forma passiva e centrada no instrutor. Quando entendemos que cada pessoa assimila conteúdos e informações em um ritmo próprio e, com isso, trilha uma jornada particular de construção de conhecimento e transformação, damos à elas a oportunidade de serem protagonistas. Elas deixam de ser apenas ouvintes ou espectadores. Adultos precisam se sentir responsáveis pelas próprias decisões e por isso a autonomia sobre o processo de aprendizagem é muito importante. Felizmente, muitas empresas enxergam essas questões e aprenderam a mapear bem as necessidades dos seus aprendizes, buscando metodologias e recursos que apoiam o aprendizado que fará diferença para a vida das pessoas e para os resultados da organização. Este processo de aprendizagem com uso dessas estratégias é o que chamamos de Andragogia. Facilitadores de aprendizagem entram em cena e não são mais os detentores exclusivos do conhecimento e da informação. Todo o processo parte dos conhecimentos e vivências que os adultos já possuem, para promover um ambiente de trocas valiosas. Bem diferente de outros momentos em que a aprendizagem era conduzida por instrutores e que em muitas vezes se traduzia com uma carga horária gigante de sala de aula, com evidências por meio de listas de presença, mas que o aprendizado efetivo não era mensurado. 

Por aqui, finalizo este ano contemplando estas aprendizagens que tenho sentido por meio dos meus parceiros, clientes e fornecedores, com a esperança de aprender cada vez mais em 2023.

E para você, quais os aprendizados mais importantes que vivenciou em 2022? 

Quer uma ajuda para aplicar uma técnica com seu grupo e tentar identificar os aprendizados de 2022? Eu sugiro utilizar a estrutura libertadora 1, 2, 4, All (que descrevo a seguir) realizando a seguinte pergunta poderosa:

“Quais foram os principais aprendizados que 2022 trouxe, na sua opinião?”

Convido você e seu time a ter um olhar mais apreciativo para buscar as ações que resultaram em aprendizados ao longo desse ano, ou seja, olhar para as boas iniciativas que foram realizadas e não apenas nas eventuais ocorrências ou situações – muitas vezes negativas -, que trouxeram algum aprendizado. Vamos lá?

1, 2, 4, All

Propósito da técnica

Esta é uma estrutura libertadora que tem o propósito de engajar os participantes na geração de ideias, sugestões e/ou coleta de percepções sobre determinado tema. 

Configuração do grupo 

A aplicação pode ser feita virtualmente ou presencialmente, com o máximo de 20 pessoas. Importante oferecer espaço para livre circulação das pessoas se for realizada no formato presencial.

Sequência de passos e tempos

Aquecimento [1 minuto]: receba as pessoas, cumprimente olhando nos olhos e fale sobre o assunto que será abordado, no caso uma reflexão de final de ano. 

Introdução [3 minutos]: Explique o funcionamento da atividade: 

  • Peça para as pessoas responderem em uma folha de papel ou em seu computador a uma pergunta, de maneira individual, em um minuto 
  • Depois, peça que formem duplas e compartilhem as respostas em dois minutos 
  • Após esse tempo, duas duplas se juntam e compartilham suas respostas, buscando semelhanças e diferenças e tentando chegar a uma resposta única por quarteto. Terão quatro minutos nessa etapa. 
  • Cada quarteto apresenta suas respostas. 
  • Apresente a pergunta que você quer que as pessoas respondam: “Quais foram os principais aprendizados que 2022 trouxe, na sua opinião?” 

Aprendizagem [10 minutos]: execute a atividade sinalizando os tempos com uma palma ou sinal sonoro. Finalizado o tempo [7 minutos] da atividade, solicite que cada quarteto compartilhe suas respostas em voz alta e tome nota em um flip chart ou quadro. 

Fechamento [2 minutos]: Destaque as respostas mais frequentes e faça conexão com o tema abordado, buscando reforçar novos compromissos ou ações esperadas a partir dessa reflexão em grupo. Peça um feedback dos participantes e escute com empatia. 

Agradeça a participação e o envolvimento de todos.

Experimente aplicar esta técnica e, depois, que tal contar pra gente o que você aprendeu?