Eu considero que uma das perguntas mais difíceis de se responder seja:
Quem é você?
E depois dessa, a pergunta:
Do que você precisa para se sentir bem?
Você já reparou o quanto somos capazes de criar teorias mirabolantes para explicar essas questões para as outras pessoas, mas o quanto somos desconectados de nós mesmos, de nossas virtudes e de nossas necessidades?
O autocuidado é extremamente desafiador a cada um de nós, pois vivemos em uma sociedade em que somos educados e criados para atender às expectativas das pessoas que estão ao nosso redor, sempre fazendo o que os outros consideram ser importantes para nós. Crescemos e somos recompensados à medida que correspondemos ao que o outro espera que façamos.
Dessa forma, não desenvolvemos a nossa capacidade de autopercepção e não sabemos distinguir nossos próprios sentimentos e emoções. Não somos capazes de identificar o que de fato nos faz bem e do que gostamos realmente. Somos criados com um nível de desconexão com nosso corpo e com nosso próprio eu, que vai gerar uma demanda no futuro de um trabalho árduo em processos de terapia e autodesenvolvimento para que possamos nos reconectar àquilo que realmente é bom e atende às nossas verdadeiras necessidades.
Este é o exercício do autocuidado: conhecendo aquilo que nos faz bem e aquilo que precisamos para nos sentir seguros, saudáveis e em equilíbrio é que podemos ir em busca disso. Em especial, aprendendo a dizer os “nãos” necessários para tudo o que não vai nos beneficiar ou atender nossas necessidades de cuidado. Parece algo simples, mas realmente viver o autocuidado é um grande desafio a todos nós.
No entanto, à medida que conseguimos nos conhecer e nos cuidar, nossa autoestima e autoconfiança são elevadas para outro patamar. Conseguimos perceber tudo à nossa volta com mais clareza e tranquilidade e tomar decisões mais assertivas também. E só é possível efetivamente “cuidar” do outro à medida em que eu souber cuidar de mim, a partir desse lugar de confiança e tranquilidade alcançada pelo processo de autocuidado. Caso contrário, este “cuidar” pode ser somente um disfarce de controle e dominação sobre o outro.
Cuidar de si verdadeiramente exige que você aumente seu grau de conexão interior entendendo o que é importante para você – e não só para o seu chefe, para sua família, para o mercado de trabalho, para o mundo lá fora – e tendo a coragem de fazer escolhas que atendam às suas necessidades, mais do que às necessidades do mundo.