Será que você, assim como eu, tem escutado muito mais a palavra “cuidado” nos últimos 2 anos? Você tem se conectado mais ao que esta palavra realmente significa na sua vida pessoal e profissional?
Se você respondeu “sim”, é porque tem visto este movimento mundial acontecer. Acredito fortemente que a pandemia tenha nos forçado a olhar de maneira mais profunda para os aspectos de cuidado, desde os mais elementares como o cuidado com a nossa casa, com a higiene pessoal, com os utensílios e equipamentos que nos relacionamos diariamente, até as mais abstratas como as relações familiares, afetivas e profissionais.
Cuidado para dialogar
Todos nós fomos obrigados a cuidar mais da nossa saúde e a colocar nossa atenção nas questões que poderiam nos expor ao risco de uma contaminação por Covid-19. E com esse movimento, muitos outros vieram à reboque: temas que antes eram silenciados e que vieram à tona para serem amplamente discutidos pelo mundo inteiro, como violência doméstica contra mulheres e violências explícitas e veladas contra minorias como mulheres, pessoas LGBTQIA+, pessoas pretas e pessoas com deficiência. Com a possibilidade de falar mais sobre essas temáticas, conseguimos aprender muito sobre quais são os cuidados que precisamos ter para que até mesmo de forma automática, ou inconsciente, a gente não continue repetindo piadas, frases e chavões, que perpetuam e reforçam o peso psíquico que existe para as pessoas que fazem parte desses grupos.
Cuidado para preservar vidas
Além da ampliação do diálogo sobre estes assuntos, vimos acontecer a crescente das lives e transmissões ao vivo de conteúdos dos mais variados. Vimos o “home office” se institucionalizar oficialmente nas organizações de trabalho. Vimos o público operacional das indústrias e fábricas precisarem se expor de forma bastante crítica para dar conta de suprir as demandas de trabalho de empresas que precisaram afastar muitos trabalhadores que eram do grupo de risco para Covid-19. Sem falar dos milhares de brasileiros desempregados, que claramente demandaram cuidados diferentes da sua própria família e de sua comunidade.
Cuidado pela saúde mental
Este contexto complexo, incerto e absolutamente novo, tirou o chão de muita gente. Impulsionou os casos de depressão, estresse, síndrome de Burnout, síndrome do pânico e outros tipos de afastamento do trabalho por questões de saúde mental como nunca vimos antes. E tudo isso fez com que as empresas começassem a olhar para as suas realidades de trabalho em busca do que podem fazer para prevenir e evitar que este tipo de situação não seja uma constante.
Questões que até pouco tempo atrás estavam no radar de algumas poucas organizações e que agora passaram a ser uma busca mais frequente de muitas empresas, tais como: manejo de estresse, estratégias e benefícios que privilegiam a qualidade de vida, melhor distribuição de trabalho, segurança psicológica e desenvolvimento de competências socioemocionais. Com isso, o tema do cuidado com as pessoas e com a vida, de forma geral, tem ganhado cada vez mais espaço e importância na pauta das organizações, o que é muito favorável para todos nós.
Cuidado interior
Além disso, individualmente, muitas pessoas tiveram a oportunidade de repensar suas vidas, remodelar seu trabalho, tomar decisões importantes, pensando em como podem cuidar melhor de si mesmas, como podem cuidar melhor de suas famílias e como o seu trabalho pode contribuir para uma melhoria de sua vida de uma forma geral.
A Cultura de Cuidado com a Vida tem a ver com a construção de relações que tenham interesse efetivo pelo bem das pessoas, superando a cultura focada em resultados e no descarte das pessoas. Soa forte essa frase, mas acredito que por muito tempo tomamos ações no piloto automático, sem parar para pensar em como fomos construindo maneiras de viver e trabalhar, que realmente não “cuidam” das pessoas (a começar por nós mesmos).
Fica um convite à reflexão sobre como você pode hoje começar a cuidar melhor de si mesmo. Pois toda mudança começa pela tomada de consciência e autorreflexão. Cuide-se!