“Ele tem muita paciência, nunca se estressa com nada.”
“Já reparou como ela é controlada, acho que nunca a vi irritada.”
“Ela é uma ótima ouvinte, me sinto compreendido quando converso com ela.”
“Eu queria conseguir ser mais racional, sou muito levada pelas minhas emoções.”
Você com certeza já escutou uma dessas frases no trabalho e nas suas relações do dia a dia. O que muitos chamam de paciência, calma, lógica, racionalidade e controle, também pode ser entendido como um conjunto de habilidades que formam um tema muito importante: a inteligência emocional.
Daniel Goleman, um dos principais estudiosos do assunto na atualidade, afirma que “inteligência emocional” é sobre como lidamos com nós mesmo e com nossas relações. Em uma entrevista para o Huffington Post, Goleman afirma que “quem busca esse tipo de inteligência geralmente é mais confiante, sabe trabalhar na direção das suas metas, é adaptável, flexível e resistente.”
Mas por que a inteligência emocional pode impactar a maneira como nos relacionamos e como fazer para que ela se torne mais presente nos nossos pensamentos e ações?
Antes de partir para a prática, é fundamental conhecer um pouco da teoria. De acordo com Goleman, o conceito é formado por cinco componentes:
– Autoconsciência
É a capacidade de reconhecer o que sentimos e por que sentimos. Quando o indivíduo consegue um tempo para refletir sobre o que se passa internamente e identifica emoções básicas (M.A.R.T.A: medo, alegria, raiva, tristeza e amor), ele se torna mais preparado e consciente para responder, fazer pausas e tomar atitudes em determinados momentos e situações.
– Autogestão
Depois da autoconsciência, é preciso entender a melhor forma de lidar com as sensações. Uma forma de alcançar essa tranquilidade é manter em mente que toda emoção tem uma função – e tendo uma função, ela é uma oportunidade de gerar aprendizado. Uma outra maneira é compreendendo como nosso corpo funciona quando ele é impactado com alguma emoção inesperada. Quando ocorre a sensação, quem assume o comando do cérebro é a amígdala – uma estrutura situada na parte interior do lóbulo temporal medial – que, junto com o hipocampo, hipotálamo e córtex orbitofrontal, forma o sistema límbico ou cérebro emocional.
O que faz a amígdala ter tanto destaque nesse sistema? Sua função principal é integrar as emoções com os padrões de respostas que correspondem a elas, seja a nível fisiológico ou de comportamento. Ou seja: quando a emoção acontece, a amígdala “domina” o cérebro e “desliga” a área que nos torna mais racionais.
Por isso que é tão fundamental saber praticar a autogestão, o controle da respiração e até mesmo utilizar técnicas como contar até 10. Atitudes como essas ativam o córtex – parte frontal e lógica do cérebro – reduzindo a ação da amígdala.
– Empatia
Muito se fala sobre empatia nos tempos atuais. Porém, ao contrário do que muitos pensam, uma pessoa empática não apenas se preocupa com o outro. Com sensibilidade e atenção, ela pergunta como o outro se sente para então ser capaz de se colocar no lugar e de compreender a causa daquele sentimento.
– Habilidades sociais
No quarto pilar encontramos a capacidade de gestão de emoções dentro da relação. É sobre a arte de equilibrar as suas emoções com as emoções do outro, buscando uma conversa eficaz com foco na solução de problemas e bem-estar de ambas as partes.
– Automotivação
Para fechar temos a automotivação. São muitos os casos em que passamos a nos sentir bem quando recebemos um elogio, quando o clima é favorável, quando tudo ao nosso redor contribui para um fluxo positivo. Porém, com a automotivação, deixamos de depender desses fatores externos e colocamos em evidência nossa capacidade interna de valorizar a nós mesmos e de identificar pontos positivos nas nossas personalidades e condutas.
Como aplicar a inteligência emocional nas minhas atitudes dentro da Segurança do Trabalho?
Sabemos que é uma área extremamente técnica, com profissionais formados em Exatas, cuja base envolve cumprimento de legislação, fiscalização, cálculos e normas internas. Apesar disso, também é um espaço de trabalho onde constantemente ouvimos frases como:
“As pessoas continuam não seguindo as regras. O que eu faço para elas perceberem a importância disso?”
“Como segurar minha raiva quando chego na frente de trabalho e percebo normas de segurança não cumpridas?”
“Como vou ajudar os outros se eu não consigo controlar minhas próprias emoções?”
“O que eu faço se a minha abordagem despertar raiva no outro?”
“Se o ambiente de trabalho não vai bem, o que eu posso fazer para me manter estável?”
Ao analisar essas perguntas, percebemos que apesar de ser uma área extremamente técnica, existe muito espaço para aplicar as técnicas e os diferentes pilares da inteligência emocional.
Novas atitudes podem ser geradas quando:
– Se cria uma rotina de autoconsciência, como a meditação – seja ela ativa ou silenciosa. Meditar é uma ótima maneira de aprender a identificar emoções e suas causas.
– Se conta até 10 para não reagir imediatamente em uma situação de conflito.
– Se exercita a capacidade de explorar melhor o que o outro está querendo dizer e sentindo.
– Se pratica a escuta ativa, que significa ouvir com intenção e tentar traduzir para a pessoa o que você entendeu sobre o que ela disse.
– Se faz mais perguntas sobre pontos da conversa que você tem dúvida, evitando julgamentos precipitados.
– Se exerce habilidades que flexibilizam o pensamento, para tentar chegar em soluções boas para ambas as partes.
– Se busca entender suas próprias necessidades para saber como tornar sua vida melhor.
E você, conhece alguma técnica de inteligência emocional que pode facilitar o dia a dia na Segurança de Trabalho? Vamos compartilhar para promover ambientes cada vez mais equilibrados e com ótimos aprendizados.