Muitas empresas usam ferramentas de segurança que abordam aspectos de comportamento, como observação e abordagem de trabalhadores, diálogos de segurança, relatos de comportamentos inseguros, entre outros. Embora seja verdade que os instrumentos acima mencionados servem para trabalhar o comportamento das pessoas, isso não assegura que o gerenciamento de comportamento esteja sendo efetivo na empresa.
Tomemos como exemplo a ferramenta de observação e abordagem comportamental, na qual os líderes fazem uma conversa no ambiente de trabalho, geralmente seguindo um método que estimula a percepção de risco e reflexão sobre o comportamento do trabalhador.
A reflexão deste texto está relacionada ao que é feito (ou o que poderia ser feito) com os dados gerados em tais práticas. O registro de uma observação e abordagem de comportamentos é um rico arcabouço de atos e condutas que demonstram a tendência dos comportamentos em uma determinada área, oferecendo a oportunidade de atuar, não apenas no indivíduo que foi abordado, mas também analisar para onde a organização está caminhando no que se refere a comportamentos em segurança. Ou seja, aproveitamos os dados coletados individualmente para ter uma visão sistêmica que indique um mapa dos principais pontos a serem trabalhados de forma preventiva.
Pelos registros das abordagens percebe-se a recorrência de atos relacionados ao descumprimento de certos procedimentos, o que resulta em um trabalho inseguro, porém ainda obtendo o produto da operação. Ao analisar os gatilhos desse comportamento, a economia de tempo é verificada como o principal motivador. Este é o ponto de partida para a investigação que revela, por exemplo, que os tempos requeridos na programação da produção não levaram em conta o tempo dos procedimentos de forma completa, ou que os líderes – de maneira geral – estão reforçando esta prática como uma maneira de ter maior volume de produção – causas hipotéticas neste exemplo.
Quando os registros são utilizados somente para fins de verificação de cumprimento de metas de realização da ferramenta e não para análise dos dados que são coletados, perderemos a oportunidade de atuar estrategicamente na causa dos comportamentos. Ter efetividade na gestão da segurança comportamental, é ver de forma sistêmica a tendência dos comportamentos e sobretudo poder atuar corrigindo-os da causa raiz, e não apenas na parte visível ou nas causas imediatas, o que é sempre o caminho mais fácil. Leia mais sobre os componentes do comportamento humano aqui.
Da mesma forma que a ferramenta de observação e abordagem de comportamentos fornece esses dados, outras ferramentas também fazem isso e complementam a visão no que se refere ao comportamento organizacional na segurança. Essa reflexão é um convite para o desafio de aprofundar no entendimento dos principais desvios que ocorrem na sua planta e buscar identificar causas, antes mesmo que os acidentes aconteçam. É certo que por meio de uma gestão eficaz das ferramentas que tratam o comportamento em segurança, será possível atuar nos fatores que podem estar influenciando positivamente e negativamente a segurança de sua planta.
Você já pensou sobre como está a gestão das suas ferramentas de segurança comportamental?
